Eu
confesso não me acostumei.
Difícil
te olhar nos olhos, mas mais difícil é não te saber tão meu.
Sabes
o que eu faria contigo agora?
Arrombaria
tua carne de uma vez só e sangraria tua pele com meus dentes pra provar que era
teu o meu amor gemido.
Sem
nenhum pensamento anterior eu esmagaria teu pescoço prendendo entre meus dedos
teu pombo de Adão, e te machucaria tanto até te ver me pedir misericórdia. Mas você
não pediria, não é mesmo?
Assim
eu conseguiria te fazer cair. Cair de joelhos aos meus pés, desesperado pelo ar
que te roubei.
Lágrimas
jorrariam dos teus olhos, mas palavra nenhuma você desperdiçaria comigo.
Chego
a enxergar tua mão enorme vindo na direção do meu rosto. É possível que eu
aceite o tapa e me delicie dele ao lembrar teus dedos que se entrelaçavam em
meus cabelos quando respiravas fundo em minha nuca. Se me restasse forças, eu estupraria
teu corpo com tanta força que te deixaria marcas irreparáveis. Cravaria minhas
unhas em teus pelos e imploraria por teu sexo que me falta.
E
tu, homem, fraco e vulnerável cairia sobre mim como um bicho e invadiria meu
ventre-coxas-coração. Me banharia no teu suor, me pediria mais, e sem hesitar se
faria feliz em segundos.
Vejo
teus olhos observando minha pele que se arrepia e vejo teu corpo completamente
imerso no meu. Eu afundaria meus olhos em teu peito, choraria em mil compassos,
imploraria tua presença em meu corpo. Voltaria a te matar. Voltaria a te odiar
e a pedir perdão. Gritaria com teus textos e subtextos. Despiria-me em frente
ao teu rosto, me jogaria aos teus pés, juraria amor eterno. Esperaria uma
oportunidade poética e insatisfeita e voltaria ao teu pescoço. E voltaria a
matar você!
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