domingo, 24 de julho de 2011

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Contagem regressiva

Se a loucura me invadir.
Eu já aviso antes.
Estou avisando.
O controle saiu do controle.
Ainda resta a consciência.
Não, eu não respondo mais.
Não mais por essa.
Eu e mim.
As dores.
No pensamento que sangra.
Droga de lembrança.
Droga de memória.
Uma louca não pede perdão.
Assume a culpa.
Sozinha.
Não me abrace forte.
Não me diga que vai passar.
Eu não preciso mais do que antes de amarras.
- Mas você me parecia tão bem?!
- Alguém precisava estar bem, baby!
Bomba-relógio.
Cabeça se esmagando em soluções.
Os comentários.
Ninguém achará o responsável.
E lendas.
E histórias.
Contadas porcamente.
Executadas sem ter o que temer.
Outros erros.
Outros erros. Exageros da idade.
Vá dormir!
Diz o que sobra.
Assim é que acaba.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De Lufre para Chico


Eu confesso não me acostumei.
Difícil te olhar nos olhos, mas mais difícil é não te saber tão meu.
Sabes o que eu faria contigo agora?
Arrombaria tua carne de uma vez só e sangraria tua pele com meus dentes pra provar que era teu o meu amor gemido.
Sem nenhum pensamento anterior eu esmagaria teu pescoço prendendo entre meus dedos teu pombo de Adão, e te machucaria tanto até te ver me pedir misericórdia. Mas você não pediria, não é mesmo?
Assim eu conseguiria te fazer cair. Cair de joelhos aos meus pés, desesperado pelo ar que te roubei.
Lágrimas jorrariam dos teus olhos, mas palavra nenhuma você desperdiçaria comigo.
Chego a enxergar tua mão enorme vindo na direção do meu rosto. É possível que eu aceite o tapa e me delicie dele ao lembrar teus dedos que se entrelaçavam em meus cabelos quando respiravas fundo em minha nuca. Se me restasse forças, eu estupraria teu corpo com tanta força que te deixaria marcas irreparáveis. Cravaria minhas unhas em teus pelos e imploraria por teu sexo que me falta.
E tu, homem, fraco e vulnerável cairia sobre mim como um bicho e invadiria meu ventre-coxas-coração. Me banharia no teu suor, me pediria mais, e sem hesitar se faria feliz em segundos.
Vejo teus olhos observando minha pele que se arrepia e vejo teu corpo completamente imerso no meu. Eu afundaria meus olhos em teu peito, choraria em mil compassos, imploraria tua presença em meu corpo. Voltaria a te matar. Voltaria a te odiar e a pedir perdão. Gritaria com teus textos e subtextos. Despiria-me em frente ao teu rosto, me jogaria aos teus pés, juraria amor eterno. Esperaria uma oportunidade poética e insatisfeita e voltaria ao teu pescoço. E voltaria a matar você!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Telegrama

 Os pés estão sendo lembrados. Garanto.

 Estão tocados, apertados, ainda assustados...
 Melancólicos e rejeitam as minhas mãos vez ou outra, 
 mas vamos indo.
 Aqui choveu. Muito. Ainda chove. 
 Dia cheio de coisas, e olhos, e corpos e sensações, 
 e cheiros, e opiniões 
 (meu Deus! Como as pessoas tem opiniões!), e palavras 
 e... tu? Onde estás? 
 Dia inteiro procurando teus rastros por aqui. 
 Ou eles me encontrando, sem querer... 
 E daí, o olho pára, e o olhar vaga, e o rosto relaxa, 
 e levemente as vezes se sorrri, ou suspira forte com pausas 
 e involuntário o corpo se revolta e explode desentendido. 
 Sinto falta.
 Sorrindo sempre. Brilho no olho, as panelas pela casa, 
 as roupas pelo chão,
 móveis revirados, sorrindo sempre. To bagunçada. Sacudida..

 e o corpo e a mente e cada célula do pé bagunçados. 
 Tudo bem, tudo bem. 
 Tudo bem? Tudo bem!

 Amor,
 Joe

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Joana - Bilhete


eu lembro que você falou que tinha prazer de ser tocada na costela, de ladinho.
costelas...
 Aí eu lembro de uma fresta de pele entre a calça e a blusa e eu lembro de pensar
que você tinha razão de gostar...
porque era mesmo um milagre.

O corpo leve
 só.
Vontade de ficar um dia inteiro em silêncio com você
e outros dias barulhentos.

Joana.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ELES

Sely,


Joana,


Joe,


Chico e

Lufre.

Carta de Sely - desaparecida


E eu só tinha vontade de chorar.
Desesperadamente... Milhões de lágrimas penduradas no pijama de anteontem, no café repassado, e todo o vinil empoeirado pulando da estante pra compartilhar de todo aquele sofrimento Ofélico e premeditado. Tem convite para todos. Todos os boêmios que aparecessem por acaso pra me lembrar você seriam bem vindos e bem recompensados por suas canções espalhadas pelo corpo-cotovelo.
Tudo ainda sendo muito bem sentido... E célula por célula reconhecendo o teu corpo que se afasta e some na minha memória. Meu corpo sentindo-se doente e abandonado ainda tenta se mover.
Secretamente estou a sofrer.
Dói o peito e abafa a alma que retalhada sangra em cada respiração.Me sinto estranha.To assustada. Me baguncei, perdi o tom.

"Ela veio me buscar pelos pés. Bruxa desgraçada de tanta graça...
Multidões debruçadas em meus ombros e o corpo todo pedindo pra que você venha me salvar.
Mas você não vem, não é mesmo?
Você não vai aparecer por aqui com uma espada em punho pra me buscar, vai?
Tudo bem. Tu me amas, eu te amo. Nós nos amamos e Adeus.
...Dançaremos num futuro e riremos das nossas cartas já velhas e debruçadas em uma taberna, lá por 1922 nos encontraremos e pediremos da mesma bebida. Você lembrará da abertura dos meus dentes e eu tentarei enxergar entre a fumaça dos cigarros do pessoal, o desenho perfeito da tua boca. E quando percebermos que estamos sozinhos juraremos amor um  ao outro, trocaremos um anel ou um beijo, ou quem sabe uma noite. Nos despediremos em prantos ou não e esperaremos pela simpatia do futuro...


Eu entendo. Você acha que não temos tempo.
É uma pena...
 Você tem razão.
Não temos  mesmo.

Depois disso eu respondi. Mas ela não respondeu nunca mais. Se alguém souber de SELY, por favor entre em contato.