quinta-feira, 22 de julho de 2010

Carta de Sely - desaparecida


E eu só tinha vontade de chorar.
Desesperadamente... Milhões de lágrimas penduradas no pijama de anteontem, no café repassado, e todo o vinil empoeirado pulando da estante pra compartilhar de todo aquele sofrimento Ofélico e premeditado. Tem convite para todos. Todos os boêmios que aparecessem por acaso pra me lembrar você seriam bem vindos e bem recompensados por suas canções espalhadas pelo corpo-cotovelo.
Tudo ainda sendo muito bem sentido... E célula por célula reconhecendo o teu corpo que se afasta e some na minha memória. Meu corpo sentindo-se doente e abandonado ainda tenta se mover.
Secretamente estou a sofrer.
Dói o peito e abafa a alma que retalhada sangra em cada respiração.Me sinto estranha.To assustada. Me baguncei, perdi o tom.

"Ela veio me buscar pelos pés. Bruxa desgraçada de tanta graça...
Multidões debruçadas em meus ombros e o corpo todo pedindo pra que você venha me salvar.
Mas você não vem, não é mesmo?
Você não vai aparecer por aqui com uma espada em punho pra me buscar, vai?
Tudo bem. Tu me amas, eu te amo. Nós nos amamos e Adeus.
...Dançaremos num futuro e riremos das nossas cartas já velhas e debruçadas em uma taberna, lá por 1922 nos encontraremos e pediremos da mesma bebida. Você lembrará da abertura dos meus dentes e eu tentarei enxergar entre a fumaça dos cigarros do pessoal, o desenho perfeito da tua boca. E quando percebermos que estamos sozinhos juraremos amor um  ao outro, trocaremos um anel ou um beijo, ou quem sabe uma noite. Nos despediremos em prantos ou não e esperaremos pela simpatia do futuro...


Eu entendo. Você acha que não temos tempo.
É uma pena...
 Você tem razão.
Não temos  mesmo.

Depois disso eu respondi. Mas ela não respondeu nunca mais. Se alguém souber de SELY, por favor entre em contato.

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